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O mundo da indústria cultural e a cirurgia plástica

Após a morte de Elvis Presley, uma trama envolveria o mundo da indústria cultural e  da cirurgia plástica. A história começa quando um produtor musical convence  pessoas comuns  a se tornarem estrelas da música pop americana. É um tremendo vale tudo para o show não terminar.

Dentro da indústria cultural, há uma cadeia de produção que foca no lucro após a morte de um ídolo. Assim como a banda cover, um tributo à memória do astro, existe também o imitador que personifica a imagem midiática, ajudando na promoção do show, da venda de camisetas, ingressos, etc.

Este círculo vicioso é mantido pela técnica do holograma. É uma forma de eternizar um astro ou  uma estrela pop que já morreu. Até aí, seria normal para a indústria cultural. Mas, Danny O’Day desafiou a natureza e recriou, com a ajuda da cirurgia plástica, ícones da música pop como Elvis Presley, Jim Morrison, Janis Joplin e Jim Croce. A atração de cada show era mostrar em carne e osso (modificados), a imagem de cada cantor. Desta forma, fez várias turnês e promoveu uma série de covers.

Há 40 anos, O’Day foi ousado em buscar na prática cirúrgica uma maneira de perpetuar a fama, mesmo que seja de um morto. O que espanta, de acordo com a Revista Rolling Stones(janeiro de 2022), é que mesmo tendo feito isso na década de 1970, quando os astros já tinham morrido, pouca gente teve conhecimento que o produtor fez isso. Esse “exército de clones”, como diria O’Day, surgiu muito antes de Los Angeles e as diversas produtoras ficarem de olho nos direitos autorais das biografias e dos filmes.

Os outros

Se  fosse para classificar o status de  O’Day, na avaliação da Rolling Stones, o produtor estaria abaixo da performance de Coronel Tom Parker e de P.T. Barnum, famosos produtores dos anos 70 nos EUA. Mas, o pensamento de  O’Day parecia estar ligado há uma máquina do tempo que pudesse proporcionar ao público o impossível: a eternidade.

Mas, há controvérsias de quem seria o pai da ideia. De um lado,  Effie O’Day, esposa do produtor, defende que essa ideia foi do marido. Contudo, Jim Wise, irmão de Dennis Wise , o Elvis Presley de O’Day, disse que a ideia da cirurgia plástica foi de seu irmão Dennis. Era a lembrança do filme “Dark Passage”, onde o personagem de Humphrey Bogart faz uma cirurgia plástica para fugir da polícia.

De uma forma ou de outra, O’Day arrumou um dentista para tratar da arcada dentária de Dennis e um cirurgião plástico que o transformasse em Elvis Presley. Na sala de cirurgia, o cover lembra que havia fotos de Elvis, a dor do primeiro corte  e a anestesia. Após várias semanas da cirurgia,  O’Day fez uma coletiva de imprensa e Dennis foi apresentado com o rosto coberto por ataduras e em uma cadeira de rodas. 

Embora tudo tenha dado certo, a ideia de reviver o astro da música pop não durou muito. Dennis e  O’Day se desentenderam por causa de dinheiro. Os pagamentos não eram  regulares, o que prejudicou o andamento do projeto “Clones”, como cover de Elvis.

Os astros

Na sequência, ao fazer um “clone” de  Elvis, O’Day  procurava uma artista que pudesse ter a fisionomia de Janis Joplin. Mona Caywood, cantora californiana, já imitava o timbre vocal de Joplin. E, mais uma vez, O’Day apostou as fichas na transformação física através da cirurgia plástica. 

No entanto, Joplin não era a única na mira do produtor: os “clones” de Jim Morrison, Croce e até Priscila Presley estavam em sua lista. O’Day  contratou cirurgiões que remodelaram os rostos de gente anônima, utilizando técnicas como preenchimentos labiais, implante de queixo, pequenas incisões que aproximavam  os pacientes às imagens dos ídolos norte-americanos. 

Mesmo com essas pequenas alterações,  o produtor fez questão de apresentar  para imprensa com os rostos cobertos, porque geraria mais curiosidade. Contudo, o produtor foi questionado várias vezes sobre a morbidez que esta ação representava, chegando a ser chamado de estilo Rock and Roll Heaven (música que  fazia uma homenagem ao ídolos como Jimmy Hendrix, Janis Joplin e Otis Redding).

O’Day não achava que era  negativo  reviver  os rostos dos  mortos, mas sim uma imitação com respeito. A ambição de O’Day era tanta que até mesmo ele foi “clone” de  Kenny Rogers, fez implante de cabelo e diminuiu a papada. O’Day  morreu em 2003 , aos 54 anos de linfoma de  não-hoadgkin, sem fama.  Contudo lançou para o mundo “os melhores clones do mundo”.

Fonte: Rolling Stones

Tradução livre